Por Augusto Nunes
Condenado por corrupção ativa pelo Supremo
Tribunal Federal, José Dirceu apertou de novo o gatilho do trabuco que só
dispara bravatas. Num manifesto delirante, o único guerrilheiro do mundo que
confunde cano com coronha acusa a elite reacionária e a mídia golpista de terem
forçado o STF a enxergar um prontuário de bom tamanho onde existem uma folha de
relevantes serviços prestados à nação e a biografia de matar de humilhação um
Che Guevara.
Desde 1968, Dirceu nega com veemência
qualquer pecado que lhe atribuam - é capaz de jurar de pés juntos que jamais
cometeu sequer infrações de trânsito. É compreensível que simule indignação ao
ser castigado por delinquências de grosso calibre que sempre debitou na conta
da inventividade perversa da oposição. Com a placidez de um doutor em
estelionato, ele nega até o que está registrado em vídeo.
Como demonstram o texto e as imagens na seção Vale Reprise, foi o que fez no programa 'Roda
Viva' quando entrou em pauta o episódio da agressão sofrida pelo governador
Mário Covas em 1° de junho de 2000. Alguém que passou anos negando que era quem
é jamais admitirá que foi chefe de quadrilha. Vai morrer murmurando que é uma
vítima dos capitalistas selvagens aos quais hoje serve com muita aplicação
fantasiado de "consultor".
Surpreendentemente, o manifesto da semana
poupou o Brasil que presta da ameaça recorrente: desta vez, permanecerão
aquartelados os "movimentos populares" e as "forças progressistas" que o
guerrilheiro de festim promete mobilizar há mais de 40 anos - e nunca foram
vistas fora da imaginação do comandante. Desde a descoberta do mensalão, Dirceu
só apareceu na rua à frente de uma multidão no último domingo. Eram
companheiros incumbidos de escoltá-lo na rota da seção eleitoral para que
pudesse votar sem ser constrangido por manifestações hostis.
Sozinho ou mal acompanhado, o ex-capitão do
time de Lula garante que não vai sossegar até provar que é inocente. "Minha
sede de justiça será minha razão de viver", avisa a última frase do manifesto.
A editora Record deveria ampliar-lhe a folha corrida com outra ação judicial: à
espera da sentença, o condenado por corrupção resolveu furtar o título do livro
de memórias de Samuel Wainer.
Fonte: "Direto ao Ponto"
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