Por Reinaldo Azevedo
"Os mesmos argumentos usados
contra mim estão sendo usados contra Fernando Haddad, às vezes sorrateiramente,
às vezes abertamente. Eles disseram que eu era um poste, que não tinha
competência para governar. Eles usaram de todos os argumentos. A mesma campanha
eleitoral de baixo nível que estão fazendo com o Fernando Haddad eles fizeram
comigo", disse a presidente Dilma Rousseff.
domingo, 21 de outubro de 2012
"Daqui a pouco, haverá mais gente nos lançamentos dos meus livros do que nos comícios do PT. Ou: PT quer Sírio-Libanês para Lula e Dilma, mas não para o povo"
O PT fez ontem o
seu "megacomício" em São Paulo em favor da candidatura de Fernando Haddad.
Estiveram presentes Luiz Inácio Apedeuta da Silva, a presidente Dilma Rousseff,
o vice-presidente, Michel Temer e mais sete ministros de estado, entre eles
José Eduardo Cardozo (o de Justiça), Aloizio Mercadante (Educação) e Alexandre
Padilha (Saúde). O último capítulo de "Avenida Brasil" foi ao ar anteontem. Era
para ser uma festança de arromba. Como todo o aparato oficial mobilizado mais a
máquina partidária, compareceram ao local, com boa vontade na estimativa, umas
três mil pessoas. Daqui a pouco, haverá mais gente nos lançamentos de "O País
dos Petralhas II" do que nos comícios do PT.
"Olhem aí… As
pesquisas apontam o Haddad na frente, e esse Reinado Azevedo fica ironizando os
comícios do PT…" Ironizo mesmo, ué! Trata-se de um número ridículo quando se
trata de líderes tão populares, ora! Pode até ser que o petista venha a ganhar
a disputa, mas certamente não será porque a população se entusiasmou com ele.
Mas não quero falar disso agora, não. De resto, como diria o Velho Guerreiro, a
eleição só acaba quando termina.
O que chama a
minha atenção é outra coisa. Abaixo, reproduzo, em vermelho, texto de Gustavo
Uribe, do Globo, sobre o comício petista. As ofensas que Lula dirigiu ao tucano
José Serra, aliás, estão na manchete da Folha Online e na submanchete do Globo
Online. Vivemos dias assim: Lula ofende alguém e ganha o noticiário. Dilma e
Lula satanizaram José Serra. Era fala para ser levada ao horário eleitoral
nesta semana.
Em
comício na capital paulista neste sábado, a presidente Dilma Rousseff acusou o
candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, de fazer uma campanha
eleitoral de baixo nível e, em uma crítica indireta ao ex-governador de São
Paulo, disse que o PT não é "raivoso". Em ato político em apoio à candidatura
de Fernando Haddad, a presidente comparou os ataques a que o candidato do PT
tem sido alvo nesta campanha eleitoral aos feitos contra ela na campanha
eleitoral de 2010, quando José Serra também era o candidato do PSDB.
Vamos
ver. O leitor que não é de São Paulo não tem como saber, então informo. Na
televisão, a campanha de Haddad já acusou Serra de ser o responsável pela quase
cegueira de um homem. Isso é campanha de alto nível. Já afirmou que a
Prefeitura se negou a doar terreno para creche. Documentos provaram ser
mentira. Isso é campanha de alto nível. Acusa Serra de ter abandonado a
Prefeitura. Ele renunciou para se candidatar ao governo e foi eleito no
primeiro turno. Isso é campanha de alto nível. Sustenta que o tucano só
governou para os ricos, o que é uma estupidez. Isso é campanha de alto nível.
Quanto
à fala da presidente Dilma, dizer o quê? Qual foi a campanha de "baixo nível"
de que ela foi vítima? Serra, como candidato de oposição em 2010, tinha
críticas ao governo, o que é próprio das democracias. Imaginem se Obama, nos
EUA, ousaria acusar Romney de "baixo nível" porque o contesta. Mau caminho,
dona Dilma! Se a senhora se abespinhou quando nem era presidente, suponho que
vá ameaçar com a palmatória quem ousar criticá-la em 2014.
Dilma
está faltando com a verdade. Em 2010, infelizmente, acho que Serra foi bonzinho
demais com ela. Suas contradições e a sua incompetência à frente da Casa Civil,
que têm desdobramentos ainda hoje no governo meia-bomba, foram pouco
exploradas. As precariedades de infraestrutura do país, que não são pequenas,
têm uma grande corresponsável: Dilma Rousseff.
O
ex-governador de São Paulo também foi alvo de críticas duras do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, que o comparou aos ex-presidentes Jânio Quadros e
Fernando Collor, que não cumpriram o mandato até o final. Em 2005, José Serra
deixo a prefeitura de São Paulo para disputar o governo paulista. Segundo o
líder petista, José Serra é um "bicho que tem uma sede de poder inigualável" e
está cada dia "mais raivoso". O ex-presidente petista aconselhou ainda o
candidato tucano a "ficar quieto e esperar para disputar a sucessão
presidencial em 2014 ou 2018". Segundo ele, José Serra deixou a prefeitura de
São Paulo após "não aguentar a primeira enchente".
"Ele
perdeu as eleições e agora não sabe ficar sem um mandato. Ele deveria ficar
quieto e esperar para disputar em 2014 ou 2018. Será que ele não sabe que
continua a ter enchente e vai cair fora de novo?", questionou o ex-presidente
petista.
Eis aí
o alto nível da campanha! A tanto descem uma presidente e um ex-presidente da
República. Collor, atual aliado de Lula, foi impichado. Jânio renunciou porque
queria dar um golpe. Serra saiu da Prefeitura para se eleger governador no
primeiro turno, com mais votos na cidade do que teve na eleição para prefeito,
tal era o "descontentamento" da população. De enchente, ademais, o PT entende
bem! Serra ao menos estava na cidade, não é? Numa das vezes em que São Paulo
estava debaixo d'água, a então prefeita Marta Suplicy estava descasando em…
Milão!
Serra,
segundo o alto nível de Lula, é "bicho que tem sede de poder". Lula, como
sabemos, é um "bicho" modesto, que se contenta em levar uma vida simples,
afastado dos holofotes e do poder do estado. Por isso, em comício em Santo
André e em Mauá, anunciou que vai atuar como lobista no governo Dilma para que
mande mais verba para aquelas cidades caso petistas sejam eleitos.
Reparem
que nem Dilma nem Lula atacaram Kassab. No palanque, na presença dos dois,
parece que nem Haddad o fez. O prefeito virou alvo das porradas só no horário
eleitoral, sem o endosso visível dos outros dois. Por quê? Porque a presidente
conta com os quarenta e tantos votos na Câmara do partido do atual prefeito da
Capital. É possível até que o PSD venha a ter um ministério. Não se descarte
nem mesmo que possa integrar a base de apoio a Haddad na Câmara caso ele se
eleja. Vale dizer: Kassab é usado para atacar a candidatura de Serra, mas será
útil depois. O prefeito já disse que tende a apoiar Dilma em 2014. Mais: o PT
conta atraí-lo também para a aliança contra Alckmin. Política de alto nível.
Ao todo,
acompanharam o ato político cerca de três mil militantes. O comício eleitoral
será usado na última semana do horário eleitoral gratuito do candidato do PT.
Ao todo, estiveram presentes sete ministros, entre eles José Eduardo Cardoso
(Justiça), Alexandre Padilha (Saúde) e Aloizio Mercadante (Educação). O
vice-presidente Michel Temer também subiu no palanque eleitoral e assegurou que
a bancada municipal do PMDB será aliada de Fernando Haddad caso seja eleito
prefeito de São Paulo. Em discurso, Fernando Haddad também fez ataques a José
Serra e o acusou de produzir mentiras na reta final da campanha eleitoral.
"Não
podemos deixar a mentira corroer o que construímos até aqui. Eles tratam São
Paulo como se fosse uma propriedade privada, o que não é", afirmou o candidato
do PT.
De
mentira, Haddad também entende. Em seu programa de governo, diz que vai tirar
as Organizações Sociais que gerenciam aparelhos de saúde na cidade. Caso vença
e caso cumpra a promessa, será um caos no setor. Questionado, afirmou não ser
essa a sua intenção. Vale dizer: seu programa diz uma coisa, e ele, outra.
O PT
quer acabar com essas parcerias. Recorreu ao Supremo contra elas. Entre os
gestores de hospitais públicos, estão o Albert Einstein e o Sírio-Libanês, que
Dilma e Lula conhecem muito bem. Entendo! Quando eles precisaram ter a certeza
de um bom atendimento, procuraram um hospital privado de primeira linha - no
caso, o Sírio-Libanês. Mas acham, pelo visto, que o povo não tem direito a
tamanha regalia. Tem é de se conformar com a tradicional precariedade do
serviço público.
Aliás,
taí. A campanha de Serra deveria levar esta questão ao horário eleitoral: por
que Haddad não quer que o povo tenha o que Lula e Dilma tiveram no
Sírio-Libanês: o alto nível?
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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Um comentário:
Porque no governo petralha, pobre só é bom prá aplaudir e prá carregar bandeira nas ruas em dias de campanha. Pobre só não tem o direito de ter suas doenças bem tratadas. Câncer de pobre não doi e não mata. O dêles, os detentores do poder, deve ter o melhor tratamento médico, de alto nível. AQUÊLE personagem de Chico Anísio já imitava os petralhas:"Pobre tem que morrer".
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