Por Josias de Souza
Não bastassem as maldades do STF, o PT
tornou-se vítima involuntária das vilanias de Carminha. O partido programara um
par de comícios para a noite de sexta-feira, 19. Ambos com Dilma Rousseff de
chamariz. Mas se deu conta de que a novela é mais popular do que a presidente e
seus candidatos.
Assim,
após adiar para sábado o
comício de Fernando Haddad, em São Paulo, o PT ajustou a programação do
palanque de Nelson Pelegrino, em Salvador, ao relógio da TV Globo. Decidiu
antecipar o horário dos discursos. E vai instalar um telão para saciar a
curiosidade da militância, atiçada pelo capítulo final de 'Avenida Brasil'.
Líder do PT no Senado, o baiano Walter
Pinheiro resumiu as providências adotadas para evitar que o drama da ficção se
converta em comédia partidária: "O comício vai começar 19h30. Dilma fala,
depois fala Pelegrino e 20h30 já acabou tudo. A gente ainda bota um telão para
o povo ver a novela. Depois de Dilma, Carminha. Mesmo porque Dilma também quer
ver Carminha."
A presidente cogita voar de volta para
Brasília ainda na noite de sexta. A novela começa às 21h30. Com avião privativo
e um bom equipamento de gravação, pode assistir ao final infeliz de Carminha no
aconchego do Alvorada. Se deixar Pelegrino falando sozinho pode até dispensar a
gravação.
A ideia do telão não elimina o risco de
esvaziamento do comício. Em casa, a tela é menor. Mas a poltrona é mais
confortável. O deputado federal João Leão (PP) saiu-se com uma ideia inusitada:
"Vamos levar o Nilo para o palanque." O diabo é que Nilo, representado na
novela pelo ator petista José de Abreu, morreu no capítulo de terça-feira, 16. E todo mundo já sabe quem matou.
Nilo foi intoxicado com uma dose cavalar de
cocaína, diluída numa garrafa de uísque provida pelo neovilão Santiago, o pai
de Carminha. A pergunta que hipnotiza a audiência é outra: quem matou o Max? Os
discursos de palanque, por previsíveis, não são páreo para o desfecho que João
Emanuel Carneiro preparou para sua trama.
Ator principal do PT, Lula também encenará
mais uma de suas performances em Salvador. Mas não nesta sexta. A data está por
ser marcada. É provável que a aparição se dê na próxima terça. O petismo baiano
aposta em suas duas estrelas para tentar prevalecer na disputa contra o
antagonista ACM Neto (Democratas).
Adversário do PT na capital baiana, o PMDB de
Geddel Vieira Lima assosiou-se ao neto de ACM. Porém, embora seja velho amigo
de Michel Temer, Geddel não cogita recorrer ao vice-presidente da República
para se contrapor aos protagonistas do PT. No primero turno, Temer levou o
rosto à propaganda do candidato do partido, Mário Kertész, agora um aliado de
Pelegrino. Mas a associação com ACM Neto, um deputado que Lula traz atravessado
na traquéia, não lhe cairia bem.
Ex-ministro
de Lula e vice-presidente da Caixa Econômica Federal sob Dilma, Geddel enxerga limite no potencial
eleitoral da dupla. Avalia que os efeitos já foram contabilizados no primeiro
turno. "É uma munição já gasta", diz ele, "assim como o vídeo da surra de Neto
[gravação do discurso em que o candidato do Democratas ameaçou dar uma sova no
presidente] e a ajuda dos 600 e tantos candidatos a vereador que pediram voto
para Pelegrino. Com tudo isso, ele ainda terminou atrás do adversário."
Geddel ironiza as críticas que vem recebendo
na propaganda eleitoral do PT: "Após a eleição do primeiro turno, Pelegrino
passou uma hora sentado no sofá da sala da casa do meu pai [Afrísio Vieira
Lima], pedindo a Lúcio [Vieira Lima, irmão de Geddel e presidente do PMDB-BA]
que nosso partido o apoiasse. Nós optamos pelo outro candidato,
democraticamente. E agora somos ruins para o PT." Como se vê, Geddel torce pela
audiência de Carminha.
Fonte: "Blog do Josias"
Nenhum comentário:
Postar um comentário