Por Reinaldo Azevedo
José
Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares agora são, oficialmente corruptos. No
caso, corruptos ativos - vale dizer: corruptores. O Tribunal ainda vai decidir
se são também quadrilheiros, imputação que está no Capítulo II (ementa com a
síntese da denúncia aqui), o último a ser votado. As ministras Rosa Weber e Carmen Lúcia
absolveram os núcleos políticos da imputação de formação de quadrilha. Noto que
seus respectivos votos não devem ser tomados necessariamente como antecipação
de sua decisão sobre a trinca petista quanto a esse crime em particular. A razão
é simples: é defensável a tese, embora eu não concorde com ela, de que os
políticos dos vários partidos não se uniram numa bando com o propósito de
cometer crimes em série, de forma reiterada. Mas e o trio do PT condenado ontem
por corrupção ativa, em associação com Marcos Valério e seus sócios? Bem,
parece que está caracterizada a ação continuada, não é?, que se estendeu de
2003 até a explosão do escândalo.
Não
sei o que se passa pela cabeça das ministras nem estou tentando adivinhar.
Apenas afirmo, com base nos argumentos, que seus respectivos votos de
absolvição no caso daqueles políticos podem render a condenação do trio petista
também por formação de quadrilha. E não haveria contradição nenhuma com suas
posições naqueles casos. Ao contrário: haveria uma relação puramente lógica.
Assim, a situação de Dirceu, Genoino e Delúbio, que já é bastante difícil, pode
se agravar ainda mais.
Prestem
atenção! Eles não foram condenados ontem por uma imputação de corrupção ativa,
não!, mas por várias. Dirceu e Delúbio (a ver no caso de Genoino) amargaram
pelo menos… NOVE! Cada condenação rende uma pena que vai de 2 a 12 anos, e elas
se somam. Na pura matemática, Dirceu já pode ser condenado a algo entre 12 e
108 anos. Vamos ver que decisão tomarão os ministros na hora da dosimetria.
Faço esse destaque para que não se insista na falácia de que, sem a condenação
por formação de quadrilha, dificilmente Dirceu, Delúbio ou Genoino iriam para a
cadeia. Errado! Só as várias imputações - e condenações - por corrupção ativa pode
lhes render uns bons anos de cana, sim! Segundo as regras da democracia e do
estado de direito.
A
pantomima de Dirceu
Dirceu divulgou ontem uma, imaginem!, "Carta aos Brasileiros", em que lembra o seu passado de lutas e coisa e tal. Mitifica - e mistifica a respeito - a própria biografia para tentar caracterizar o julgamento, que se exerce segundo todos os rigores do estado de direito, como obra de um tribunal de exceção (ver íntegra posts abaixo).
Dirceu divulgou ontem uma, imaginem!, "Carta aos Brasileiros", em que lembra o seu passado de lutas e coisa e tal. Mitifica - e mistifica a respeito - a própria biografia para tentar caracterizar o julgamento, que se exerce segundo todos os rigores do estado de direito, como obra de um tribunal de exceção (ver íntegra posts abaixo).
E
anuncia, ora vejam!, que vai lutar. Espero que seja só com o teclado. Também
poderia ser só com o seu dinheiro. Boa parte de sua defesa pública - a sua
tropa de choque na rede e em alguns veículos impressos mixurucas - é feita com
o nosso, uma vez que é obra daquela gente fartamente financiada com dinheiro público;
isso quando não está pendurada em veículos oficiais mesmo!
José
Luiz de Oliveira Lima, seu advogado, aquele que encerrou a sua defesa afirmando
que a condenação de José Dirceu seria nada menos do que uma agressão ao estado
de direito (!), apareceu ontem no "Jornal da Globo" anunciando alguma forma de
recurso. Talvez seja ao Padre Eterno, vai saber… Ainda que se venha a discutir
a possibilidade dos embargos infringentes - coisa de que duvido um pouco -, o
ex-deputado cassado por corrupção na Câmara e condenado por corrupção no
Judiciário não terá nem mesmo os quatro votos divergentes necessários àquele
recurso.
Não,
não! À diferença do que sustentou Oliveira Lima - "Juca" para os íntimos dele,
o que não é o meu caso -, não era só o depoimento de Roberto Jefferson que
incriminava o seu cliente. Uma pletora deles deixou evidente que José Dirceu
sempre teve o domínio do conjunto da obra, do fato. E o que isso quer dizer?
Que os políticos que participaram da lambança, um após outro, deixaram claro -
EM JUÍZO E SOB O CRIVO DO CONTRADITÓRIO - que os acertos feitos com o PT,
intermediados por dinheiro, tinham de ser referendados por José Dirceu. Era ele
o chefe - embora, claro!, tivesse também um… chefe. Mas o Apedeuta não é réu…
A tese
de Lewandowski e de Dias Toffoli de que se está diante de um caso de
"responsabilização objetiva" - isto é, de condenação de alguém só porque
ocupava um cargo - é ridícula porque despreza os autos. Não por acaso, só
puderam sustentar essa estupidez ignorando os depoimentos. No caso de ambos, no
que concerne a Dirceu, a viseira da Justiça funcionou ao contrário. Aquela
senhora tem os olhos tapados para que possa decidir com base apenas nos
princípios e nos fundamentos da lei, sem ver a quem. Lewandowski e Toffoli
taparam os olhos para poder enxergar… José Dirceu.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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